quinta-feira, 14 de maio de 2009

4 Rue Martel





A partir de 1979, Cortázar passa a viver com Carol Dunlop em um pequeno apartamento no número 4 da rua Martel. É onde escreve “Um tal Lucas” e “Queremos tanto a Glenda”. Dois anos depois, em 1981, recebe a tão esperada cidadania francesa. No entanto, a rua Martel não é só alegria: Cortázar vive ali a tristeza da morte de Carol, em novembro de 1982, a solidão de finalizar “Os Autonautas da Cosmopista“ – projeto dele e de Carol, adoece e passa os últimos anos de vida.

“Minha querida mãe, minha querida Ofélia. Carol se foi como um fiozinho de água entre os dedos. Se foi docemente, como ela era, e eu estive ao seu lado até o fim, os dois sozinhos na sala do hospital onde passou dois meses, onde tudo resultou inútil. Até o final esteve segura de que melhoraria, e eu também, mas nos dois últimos dias somente ela, por sorte, conservou sua esperança que eu havia perdido depois de falar com os médicos. De nenhuma maneira o dei a entender, a acompanhei como se nada tivesse mudado, e nas últimas horas consegui que ninguém entrasse para molestá-la e fiquei ao seu lado, cuidando, até que o último calmante que lhe haviam dado foi adormecendo-a pouco a pouco. Não soube de nada, não sentiu nada nesse momento final. A enterrei no viernes no cemitério de Montparnasse, um bairro que ela amava muito e todos os nossos amigos estiveram com ela e comigo. Posso dizer, penso que lhes fará bem, que me acompanharam como vocês o fariam caso estivessem aqui e isso me ajudou a suportar um pouco a distancia que me separa de Buenos Aires e o oco infinito da minha tão querida Carolina. Não posso escrever muito, para mim é difícil e vocês compreenderão. Estarei ausente algumas semanas e creio que só assim poderei me habituar a esse apartamento tão cheio de Carol, tão habitado por ela. ”

Carta a Hermínia Descotte e Ofélia Cortázar. Paris, 10 de dezembro de 1982.


Atualmente, o prédio fica aberto em horário comercial, é um misto de residencial e comercial, com algumas pequenas dentro dele.

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